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Pedras com alma

  • Foto do escritor: Vitor Araujo
    Vitor Araujo
  • 10 de nov. de 2020
  • 1 min de leitura

Da pedreira soltas,

à custa do sol, da forma e do braço

são belezas raras,

saídas de corpos, suor e cansaço.

Passaram pela escola,

moldadas pelo mestre, tornadas rainhas

pararam no bairro,

daquela Sé velha, de ruas fininhas.

E, de lá do alto, passam-lhes as vidas

com risos e ais,

os homens sem sorte, bêbados de dor

sem rumo, sem cais.

As mulheres da vida, com mitos de amor

comprado à socapa,

e os ciúmes loucos, que desaparecem

na ponta da faca.

As rusgas singelas, desse S. João

eterno em mim,

procissões e missas, sinos a rebate

pelo fogo sem fim.

Vendas, falatórios, rostos encantados

sonhos de pobreza,

crianças sem roupa, sujas de pancada

sem nada na mesa.

E em dias de chuva, molhando em carícia

devolvendo a calma,

olho para cima e sei que são elas

as pedras com alma.


 
 
 

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