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As mil e uma vezes

  • Foto do escritor: Vitor Araujo
    Vitor Araujo
  • 22 de ago. de 2021
  • 2 min de leitura

Ganham o direito à vida, surgindo e ressurgindo delas vezes sem conta, quais pequenos milagres repletos de atenção e de amor em gestos repetidos infinitamente…, mas rapidamente, após uma educação direcionada, rude e austera centrada em fundamentalismos religiosos e étnicos, plenos de interpretações incompreensíveis e absurdos e deficientes ensinamentos, passam a subjuga-las e a escraviza-las, retirando-lhes todos os direitos, usando-as e reduzindo-as quase a objetos e tomando como base para estes atos, esses supostos “valores” adquiridos. Pergunto-me, qual ou quais os tipos de homens que assim procedem à luz de uma suposta civilização milenar? Provavelmente aqueles cujo acesso à evolução das espécies, ficou totalmente cristalizado num momento pré-histórico e não concordante com os valores civilizacionais vigentes, onde o respeito e a sã convivência entre todos os seres, deveriam ser certamente a bitola orientadora.

Mas, que dizer também de outros que, alcunhados de exemplares defensores de um liberalismo democrático e humanista, deixam à sua sorte milhares de mulheres e crianças, decidindo num breve e impensado momento a vida e o destino destas, só porque sim, porque já não é ali lucrativo o negócio mesquinho e ganancioso das armas e das guerras? Não existirão grandes diferenças certamente, entre estes exemplares e os primeiros.

Li há poucos dias o relato dramático, de alguém que viveu o inferno dos campos de concentração e os horrores lá praticados por seres supostamente humanos, contra seres verdadeiramente humanos. Senti uma imensa tristeza, revolta e vergonha, ao pensar que existiram algum dia seres da minha espécie, capazes de tais atos. No entanto, talvez em menor dimensão, há Holocaustos que continuam a repetir-se todos os dias um pouco por todo o mundo. O Afeganistão é disso mesmo, o exemplo mais atual. E não tinha nem tem forçosamente de ser assim. Nenhum outro ser vivo, procede de tal forma. Deus, para quem acredita, na sua imensa sabedoria, cometeu provavelmente a maior gafe do ato da criação, ao dar superpoderes sobre este mundo à espécie menos habilitada para cuidar dele e dos seus frágeis, mas belos equilíbrios. Se o arrependimento e a dúvida matassem, Ele mesmo já teria morrido não uma, nem duas, mas pelo menos mil e uma vezes.


 
 
 

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