Cats
- Vitor Araujo
- 28 de out. de 2020
- 2 min de leitura
Mora comigo uma gata preta, dona de um peculiar mau feitio, reforçado quando é preciso por estranhos sons (que eu adorava saber imitar) e que denotam um certo grau de ameaça (no entender dela), mas que rapidamente se transformam em ronronados felizes, sempre que o calor e algumas festas (na medida certa), lhe enchem a alma felina. Apareceu há uns oito anos, no seio familiar, ridiculamente pequena e enfezada, a pedir que não a rejeitassem mais pela sua cor. Como teve a sorte de ir ter a casa de gente civilizada, nem sequer entrou na equação este obsceno fator, como sendo um obstáculo à sua adoção. Na altura, de qualquer forma, só queria mesmo leite e mimo. Só depois veio a desparasitação, as vacinas e o "check-up" geral. Ficou fina e elegante, de pata curta e pouco tamanho, mas também os gatos, não se medem aos palmos. Apareceu depois lá por casa, há cerca de seis anos, um gato malhado, (cinzento e branco) e ligeiramente "atravessado" da sua pequena cabeça. Pleno de um peculiar bom humor "gatal", mercê de uma mentalidade infantil, que nitidamente não acompanhou nem acompanha o crescimento em tamanho, aumentou no entanto de volume, o que acabou por justificar o facto de ser tratado por vezes (mas com carinho), como o "gordinho". Dado a demonstrações de ternura, nomeadamente através de meigas e cuidadosas "marradas", sinónimas de um (tudo bem "bro"), iniciou-nos também na arte de bem saber ronronar. Implica invariavelmente com a sua amiga preta a toda a hora (o seu passatempo favorito), mas que raramente está com paciência para o aturar, tendo um infindável apetite e pânico enorme de morrer à fome (síndrome do pio vazio), que se traduz em múltiplos miados de desespero e de falsa solidão. Em suma, uma equipa de pelo (por todo o lado) perfeita, para animar os dias destes imperfeitos humanos.
Nota: não foram referidos os nomes dos protagonistas, ao abrigo do RGPD.
Está o máximo 😍😍